terça-feira, 12 de julho de 2016

O Impensável... De facto aconteceu.

Dou por mim em frente ao computador, com imenso trabalho para despachar, mas com a cabeça no projeto que me tem captado a atenção há já algum tempo.
E fico na dúvida se de facto devo escrever ou não sobre o que aconteceu nos últimos dias, isto porque, não são coisas boas, e de todo me deixam confortável quando me lembro que todo o trabalho em prol de algo em que nos empenhamos a "1000%", vai, num ápice, por agua abaixo...




Começando pela floração... Os primeiros cachinhos começavam a aparecer no fim de Maio, na Vinha do Pombal e no inicio de Junho na Vinha da Serra...




A floração decorreu de forma irregular, mas aparentemente bem...





No dia de Portugal, a maior parte dos cachos floriram bem.



Pese embora alguma humidade e ligeiros chuviscos nos dias seguintes, que de certa forma causaram algum desavinho.




Seguiram-se dias muito quentes de temperaturas a rondar os 38º/40ºC até fim de Junho.



A Alimpa decorreu bem (fase após a floração).



Os cachos evoluíam de forma natural já com aspeto de bagos de chumbo.



Até que calor a mais, também deixava a desejar... não imaginava que a vinha pudesse ser tão castigada... Depois de ter sido poupada a herbicidas e Cª, eis que surge uma trovoada que arrasa com a produção.



O Sr Ferreira, (o senhor que nos trata a vinha) por telefone, preparou-me para o pior: "Sr Engenheiro, o granizo levou tudo... Folhas, cachos,... só deixou as varas ao alto". Pois bem, tinha de meter pés ao caminho, tinha de ver com os meus olhos, embora sentisse um vazio dentro de mim e vontade de voltar para trás... não queria ver o cenário.


A Vinha da Serra: O Antes.




A Vinha da Serra: O Depois
(a falta de cor verde nas videiras é evidente)



A Vinha do Pombal...O Antes.



A Vinha do Pombal... Enfim...




O Sr Ferreira preparou-me, de facto, para o pior, no entanto, a queda do granizo foi suficiente para levar cerca de 70% da produção deste ano.
Preparamos imediatamente um tratamento à base de calda bordalesa com enxofre molhável. Enxofre para aguentar a fruta que ficou e Carbonato de Cálcio para sarar as feridas das varas, folhas e cachos.



Tinhamos passado literalmente, no meio das pingas da chuva, desde o inicio do ciclo. Tinhamos passado à margem de doenças pouco comuns na região mas arrasadoras (por falta de conhecimento), como o Míldio... e enfim, uma trovoada deu cabo disto tudo.

Embora não viva da venda das uvas, vivo do vinho, mas não deixei de ficar emocionado ao ver tanto trabalho a desaparecer.

Resta arregaçar as mangas... Salvar o que resistiu...
E preparar as videiras para o próximo ano.

Este ano, o sonho ficou afetado, mas não me deixou pendurado. Voltamos aos "ces", Se não vier outra surpresa, os 30% que ficaram, tanto na Vinha da Serra como na Vinha do Pombal, vou fazer tudo, mas tudo, para que deem origem a vinhos memoráveis!


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